Imagem: Polícia Civil
O
Ministério Público do Trabalho no Rio de Janeiro (MPT-RJ), em parceria
com o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), resgatou três
trabalhadores chineses que eram submetidos a condições de trabalho
análogas à escravidão em uma pastelaria de Copacabana. Os jovens, que
não tinham carteira de trabalho, atuavam sem registro e sem descanso
semanal, além de terem os salários retidos.
A
investigação foi aberta no MPT-RJ após denúncia anônima recebida pelo
órgão. Em ação conjunta, MPT e MTE inspecionaram o estabelecimento no
último mês, para regularizar a situação dos estrangeiros. Segundo a
procuradora do trabalho Juliane Mombelli, responsável pelo caso, os
trabalhadores eram tratados de forma diferente dos demais trabalhadores
brasileiros da pastelaria, que possuíam registro na carteira de
trabalho, jornada com descanso semanal e pagamento de salário.
Em
depoimento, os jovens, que moravam na casa dos donos do
estabelecimento, contaram que deveriam receber um salário de R$ 1.000.
No entanto, o valor era retido pelos patrões, também chineses.
Com a
intervenção dos dois órgãos, os donos do estabelecimento concordaram em
pagar todas as verbas rescisórias e regularizar a situação dos
trabalhadores, caso eles tivessem interesse em continuar trabalhando no
estabelecimento.
Os jovens receberam CPF, carteira de trabalho e abriram
uma conta, onde os valores foram depositados. O empregador se
comprometeu, ainda, a depositar o Fundo de Garantia devido aos jovens,
que atuavam na pastelaria desde junho do ano passado. “Agora eles
estarão protegidos pelas leis trabalhistas brasileiras”, destacou a
procuradora.
Esse é o terceiro caso de
chineses submetidos a trabalho escravo investigado em pastelarias do
estado pelo MPT-RJ. No mais emblemático, denunciado em 2013 ao órgão, um
jovem era submetido a tortura e o patrão acabou sendo preso em
flagrante, além de condenado criminalmente.
O trabalhador teve o
passaporte retido, ficava trancado no estabelecimento e era submetido a
maus-tratos. “O rapaz foi levado ao hospital e hoje está em programa de
proteção a testemunhas”, explica a procuradora do trabalho Guadalupe
Couto, que participou da inspeção.
O caso
foi verificado em uma pastelaria de Parada de Lucas, bairro da Zona
Norte do Rio de Janeiro. O procurador do trabalho Marcelo José Fernandes
da Silva ajuizou ação na Justiça do Trabalho para requerer o pagamento
de indenizações e verbas trabalhistas à vítima. O processo ainda tramita
na Justiça do Trabalho.
Outro caso
similar chegou ao órgão no ano passado. Um chinês menor de idade
trabalhou por quase dois anos em uma pastelaria de Mangaratiba, em
jornada exaustiva e sem direitos trabalhistas. De acordo com o
procurador Marcelo José, o jovem trabalhava das 5h às 22h, sem descanso
semanal. Além disso, morava na pastelaria e não recebia salário. O jovem
conseguiu fugir do estabelecimento e foi dirigido ao conselho tutelar,
que encaminhou a denúncia ao MPT. Como fruto da atuação do MPT e do MTE
foram pagos R$ 80 mil em indenização e verbas trabalhistas ao rapaz.
Esse caso também será encaminhado ao Ministério Público Federal.
“Esses
trabalhadores nunca atendem no balcão, sempre ficam no interior dos
estabelecimentos para que não tenham contato com os clientes”, destacou
Marcelo José. De acordo com o procurador do trabalho, esses dois casos
guardavam similaridades, já que os chineses vinham da mesma localidade,
chegaram em grupo no aeroporto e eram recebidos sem passar pela
imigração, depois encaminhados para os estabelecimentos onde eram
submetidos a condições análogas à escravidão. “Eles vêm atraídos por
falsas promessas de bom trabalho e salário, mas, chegando no local,
acabam trabalhando em jornada exaustiva, sem recebimento de salários e
direitos trabalhistas e ainda têm o passaporte retido”, destaca a
procuradora do trabalho Guadalupe Couto.
No
intuito de combater esse tipo de prática ilegal, o MPT em parceria com o
MTE vai confeccionar cartilhas em mandarim sobre os direitos
trabalhistas no país, para que sejam distribuídas aos chineses no
aeroporto assim que chegarem ao Brasil. Além disso, o MPT possui o
projeto Resgatando a Cidadania que visa qualificar a mão de obra
resgatada do trabalho escravo, por meio de cursos de capacitação, para
inseri-los, de forma legal, no mercado de trabalho.
Casos de trabalho escravo podem ser denunciados ao MPT-RJ por meio do telefone 0800-0221-331 ou pelo site http://www.prt1.mpt.gov. br/servicos/denuncias. O denunciante não precisa se identificar.

Me parece que a época colonial ainda não foi superada, triste ainda ter que deparar com notícias como essa! Ainda bem que há canais de comunicação que se preocupam! Parabéns!
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